O crescimento da influência do Sul Global na política internacional

O Sul Global, agrupando países da África, Ásia e América Latina, está vivendo um momento histórico de ascensão e fortalecimento na política internacional. Representado de forma significativa pelo grupo BRICS+, que expande sua base para incluir novas economias emergentes, esse bloco desafia os centros tradicionais de poder do Norte Global, buscando maior representação e equidade nas decisões que regem o sistema internacional.

A crise do multilateralismo, evidenciada por tensões entre potências tradicionalmente dominantes, abriu espaço para que as nações do Sul Global reivindiquem uma voz ativa e participativa nos fóruns multilaterais, como ONU, G20 e OMC. Essas plataformas são utilizadas pelo bloco para pautar temas fundamentais para seu desenvolvimento, como a reforma do sistema financeiro internacional, a redistribuição mais justa dos recursos, o combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Além disso, o Sul Global está propondo novos paradigmas de cooperação internacional, que vão além dos modelos ocidentais tradicionais, focando em integração regional, comércio direto e cooperação científica e tecnológica intra-Sul. Esse movimento representa esforços para superar a dependência econômica do Norte Global, promovendo maior autonomia e diversidade de parcerias.

No entanto, esse fortalecimento também enfrenta desafios, como a fragmentação política interna e a influência ainda significativa de potências externas em países do Sul, o que pode dificultar a construção de uma agenda comum robusta. Países como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Argentina, por exemplo, mantêm relações estreitas com os EUA, complicando a coesão do grupo.

Para o Brasil, o protagonismo no Sul Global significa uma oportunidade de exercer liderança diplomática, combinando legitimidade moral, capacidade de diálogo com diferentes blocos e compromisso com a defesa da soberania nacional. A chamada “diplomacia da paz” brasileira vem buscando um equilíbrio delicado, conciliando relações com países do Norte e do Sul, sem submissão ou alinhamentos automáticos.

Nesse cenário, o Sul Global projeta uma nova ordem mundial, que privilegia a inclusão, multipolaridade e sustentabilidade. A ampliação da influência desse grupo reconfigura o sistema internacional, criando espaço para políticas mais equitativas e representativas, e potencialmente beneficiando países como o Brasil, que buscam diversificar suas parcerias e fortalecer sua posição global.